quarta-feira, 25 de julho de 2012

Nostalgia



Quando pequeno,
A nostalgia era um pequenino selo postal.
Eu estava do lado de cá,
Mamãe estava do lado de lá.
*
Depois que cresci,
A nostalgia passou a ser uma passagem de navio.
Eu estava do lado de cá,
A noiva estava do lado de lá.
*
Ah! E depois,
A nostalgia tornou-se uma sepultura baixinha.
Eu estava do lado de fora,
Mamãe estava do lado de dentro.
*
Mas agora,
A nostalgia é um raso estreito no oceano.
Eu estou do lado de cá,
O continente está do lado de lá.



Yu Guangzhong


 Minha barca desliza rápida. Contemplo o rio
Há nuvens passando pelo céu.

A água é também uma noite . Quando uma nuvem
escorrega por cima da lua, vejo-a escorregar no rio e
parece-me que vago em pleno céu.

Penso em minha amada, que se reflete assim no meu
coração.



Tu Fu  (712 - 770)

Poesia Chinesa





Folhas secas, folhas secas,
O vento é que vos levanta
Ah irmãos, meus irmãos,
Cantai vós, eu de seguida.

Folhas secas, folhas secas,
O vento sopra-as pr’a longe
Ah irmãos, meus irmãos
Cantai vós, depois sou eu

Shijing (o livro dos cantares)

terça-feira, 24 de julho de 2012

"Vaso Chinês"




Estranho mimo aquele vaso! Vi-o
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.

Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.

Mas, talvez por contraste à desventura,
Quem o sabe?... de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura;
Que arte em pintá-la! A gente acaso vendo-a,
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.


Alberto de Oliveira



Dizem os chineses:
Árvore plantada com amor ninguém derruba. Uma verdadeira amizade, também.
Quem planta árvores cria raízes. Quem cultiva amizades também.

Ditado chinês

Uma alegoria


.
A primavera às flores de pêssego espalha-se
Em todo pátio à lua cintilam os salgueiros
Cá em cima estou, no quarto, perfeita a maquiagem
recém-vestida, à espera da noite, o silêncio
Ao lago sob as flores de lótus os peixes
Em volta do arco-íris revoam pardais
Tudo nesta vida é sonho, alegria ou pena
vêm-nos aos pares. Possa eu por fim acordar



Yu Xuanji

A ermida dos bambus




sentar-se ao oco só entre os bambus
assobiando ao toque do alaúde
na densa oca ao bosque desterrar-se
então a lua é vinda: iluminar



Li Bai

Improviso do final da primavera



Bem poucos cruzam a aléia, vêm até a porta
Há este homem, vejo-o apenas em sonhos

Chega um perfume em sedas, senta ao banquete;
entram também canções, ondulando ao vento

Perto, à manhã, tambores assaltam o sono
É primavera e as aves cantam em abandono

Como esperar no mundo um certo lugar
sobre a distância, atar o barco a algum cais?



Yu Xuanji

quarta-feira, 11 de julho de 2012




As mulheres sustentam metade do céu.
Provérbio chinês

Cravo-da-índia



A flor do craveiro é usada como tempero desde a antiguidade: era uma das mercadorias, entre as especiarias da China, que motivaram inúmeras viagens de navegadores europeus para o continente asiático. Na China, os cravos eram usados não só como condimento, mas também como antisséptico bucal: qualquer um com audiência com o imperador precisava mascar cravos para prevenir o mau hálito. Viajantes arábicos já vendiam cravos na Europa ainda no império romano.

Estrela-de-anis



Estrela-de-anis ou anis-estrelado (Illicium verum) é uma planta originária da China. É considerado uma especiaria. Possui um aroma idêntico ao do anis, pois contém o mesmo óleo, embora seja mais forte.

É conhecido também por suas propriedades antissépticas, antiinflamatórias, calmantes, digestivas e diuréticas. Na culinária, a estrela-de-anis é utilizada para produzir óleos essenciais e aromatizar bebidas alcoólicas, como a sambuca.

sábado, 7 de julho de 2012

Akai ito , a linha vermelha do destino



De acordo com uma lenda chinesa,  assim que uma pessoa nasce,os deuses amarram uma linha vermelha (invisível aos olhos humanos) nela, conectando-a à pessoa na qual ela estará destinada  a  viver e amar no futuro, ou seja, a sua alma gêmea.
Há várias versões dessa lenda, mas uma das histórias que envolve a versão chinesa da lenda, consiste basicamente no seguinte: Um garoto estava caminhando para casa à noite quando  encontra um velho homem, Yue Xia Lao, descansando sobre a luz do luar (se acredita que Yue Xia Lao é o deus incumbido pelos casamentos). Este então  revela que o garoto está ligado a sua esposa destinada por uma corda vermelha, e então mostra para ele a garota a quem ele está destinado a se casar. Por ser jovem e não ter interesse em se casar, o garoto pega uma pedra e atira com força na garota, fugindo em seguida para longe. Muitos anos então se passam e o garoto agora já é adulto, quando seus pais arranjam um casamento para ele. Na noite de seu casamento, quando ele vai encontrar com sua esposa no que será o quarto deles, ela está lá sentada com um véu tradicional lhe cobrindo a face. O jovem homem já sabia do fato de que sua esposa era conhecida como uma das mais belas mulheres do vilarejo, contudo,   sempre usava enfeites na sua sobrancelha. Curioso, ele lhe perguntou o porquê de tal enfeite, e ela lhe responde que aquilo era porque, quando ela era jovem, um garoto atirou uma pedra nela, o que causou um corte profundo, deixando-a com uma cicatriz no local. Então, ela usava enfeites na sobrancelha para cobrir a cicatriz. Logo, a mulher nada mais era do a mesma que o Deus Yue Xia Lao havia  avisado que seria sua mulher destinada, ainda na sua infância.