terça-feira, 15 de novembro de 2011

A flor da honestidade


























Conta-se que, na China Antiga, um príncipe da região norte do país estava as vésperas de ser coroado imperador. Antes porém ele devia se casar. Conhecendo as exigências das leis e os costumes locais, ele resolveu promover uma disputa entre as moças da China, da nobreza ou não. Qualquer uma que se achasse digna de sua proposta, podia participar da disputa. Feito o anúncio oficial, o príncipe marcou o dia em que receberia todas as pretendentes e lançaria um desafio. A vencedora seria a sua esposa e imperatriz.
Uma velha senhora, serva do palácio há muitos anos, ouvindo os comentários sobre os preparativos, sentiu uma leve tristeza, pois sabia que sua filha tinha profundo amor pelo príncipe mas, sendo plebeia , nem podia sonhar em participar. Ao chegar em casa a contar sobre a cerimonia marcada pra breve, a velha serva espantou-se, ao saber que a filha pretendia ir a celebração. Indagou, incrédula:
-Minha filha, o que você fará lá? Estarão presentes as mais belas e ricas moças da corte. Tire essa ideia insensata da cabeça, eu sei que você deve estar sofrendo, mas não torne o sofrimento uma loucura.
A filha respondeu:
-Não, querida mãe não estou sofrendo e muito menos louca. Sei que jamais poderia ser escolhida, mas é minha oportunidade de ficar pelo menos alguns momentos perto do príncipe. Basta isto pra eu ser feliz.
Chegado o dia do lançamento do desafio, a jovem plebeia chegou ao palácio. Lá estavam, de fato, as mais belas moças da nobreza chinesa, com as mais belas roupas, com as jóias mais finas, todas elas com a firme intenção de ser a nova imperatriz. Após nervosa espera, o príncipe finalmente anunciou o desfio:
-Darei uma semana a cada uma de vocês. Aquela que, dentro de seis meses, me trouxer a mais bela flor, será escolhida minha esposa e imperatriz da China.
A proposta do príncipe não fugiu às profundas tradições daquele povo, que valoriza o hábito de cultivar algo.
Na casa da velha serva, sua resignada filha se esforçava para produzir uma flor partir da semente recebida. Mesmo não tendo habilidade nas artes da jardinagem, ela cuidava com paciência e ternura de sua semente , na esperança de conseguir uma flor tão bela quanto o tamanho de seu amor pelo príncipe.
Passaram-se três meses e nada surgiu. A jovem tudo tentara, usara de todos os métodos que conhecia, mas nada havia nascido. Dia após dia, semana após semana, o tempo foi se esgotando até que que se completaram seis meses do desafio e nada havia brotado no vaso que ela com tanto carinho cultivava. Consciente do seu esforço e dedicação, a moça comunicou a sua mãe que independentemente das circunstância, retornaria ao palácio na data e hora combinadas, pois não pretendia nada além de mais alguns momentos na companhia do príncipe.
Na hora marcada ela estava lá, com seu vazo vazio. Entre as demais pretendentes, pelo contrário, cada uma chegava com uma flor mais bela que a outra, das mais variadas formas e cores. A jovem plebeia estava admirada, nunca havia presenciado cena tão linda.
Chega por fim o momento esperado e o príncipe entra no salão. Uma por uma, observa todas as pretendentes, todas as flores, inclusive a plebeia com o vaso vazio. Após uma curta reflexão, o príncipe indica a jovem plebeia como a sua futura esposa. O salão ecoou a surpresa geral. Ninguém entendia a escolha justamente daquela que não havia cultivado. Calmamente o príncipe esclareceu:
-Esta foi a única que cultivou a flor que a tornara digna de se tornar uma imperatriz. A flor da honestidade, pois todas as semntes que entreguei eram estéreis. Se para vencer, estiver em jogo a sua honestidade, perca.
Você será sempre vencedor.

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