quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Poema



Sou um pessegueiro
Florescendo no fundo de um poço.
Olho para quê?,sorrio para quem?
És a Lua reluzindo no céu
Breve foi o tempo debruçada sobre mim,
Logo o afastamento, para sempre.
A espada da mais fina lâmina
Não pode cortar em duas as águas do mesmo rio.
Meu pensamento,como a água,
Corre e te segue sempre.

Li Bai

O pescador





A terra bebeu a neve
E,de novo,desabrocham
As flores de pessegueiro.
O lago é prata derretida
E são ouro recente
As folhas do salgueiro.
Sobre as flores,
Borboletas empoadas
Descansam suas cabeças de veludo.
Quebra-se a superfície do lago
Quando,do barco parado,
O pescador lança as redes.
Seu pensamento está com a mulher amada.
Ele regressa ao lar,
Tal como a andorinha
Leva comida ao seu par.

LI PO








Li Po




















Li Po é considerado um dos dois maiores poetas da história literária chinesa. Era muito conhecido por ser um bebedor inveterado e sabe-se que escreveu muitos de seus grandes poemas enquanto estava bêbado.
Estava bêbado na noite em que caiu de seu barco se afogou no rio Yangt-ze ao tentar abraçar o reflexo da lua na água.
























No sudoeste da China há uma localidade chamada "Cidade da Lua", pois o luar brilha de forma tão clara que é possível ler sob ele.

Festival da lua








 


O Festival da Lua também conhecido como Festival de Meio do Outono. O Festival
da Lua é uma celebração para a abundância e união, é um dos mais importantes
eventos tradicionais para o chineses. É celebrado durante a noite porque neste dia a
lua está muito cheia e brilhante. A comida tradicional deste festival é a torta da lua.
A origem desta festividade: data da Dinastia Xia, entre o ano 2070 A.C e 1600 A.C ,
quando as pessoas se reuniam para celebrar a Lua Cheia em honra do mítica Deusa
da Lua, Chang 'e. Actualmente as celebrações são feitas através da reunião das
famílias e pela partilha, entenda-se oferta, destes bolos, à família e amigos. Também
se reúnem para declamar poesias e comer os bolos enquanto observam a Lua Cheia.
A lenda diz que Houyi que era muito bom arqueiro. Uma vez o céu tinha 10 sóis e Yi
(nome pelo qual também é conhecido) deitou abaixo com o seu arco e flecha 9
desses sóis porque estava demasiado calor na terra o que impossibilitava as pessoas
de viver. A sua mulher Chang 'e tomou um elixir roubado ao marido, voou até à lua e
tornou-se a Deusa da Lua, que tem vivido no Palácio da Lua desde então. Yi foi morto
por um dos seus discípulos.
Estes bolos são de massa, recheados de doce de lótus ou de doce de feijão, mas
também podem ser salgados, quando recheados com ovos de pato e que
representam a lua cheia.

Festival do barco do dragão




















No quinto dia da quinta lua é também chamado do Duplo Cinco. O poeta Qu Yan, ou
Wat Yun, fiel servidor do Imperador Chi, caiu em desgraça e suicidou-se atirando-se
ao rio Milo, quando constatou que não tinha conseguido banir a corrupção e a intriga
da corte. Os aldeões movidos pela consideração que tinham pelo poeta, meteram-se
nas suas canoas e tentaram recuperar o corpo antes que os monstros marinhos o
apanhassem. Ao mesmo tempo lançavam bolos de arroz embrulhados em folhas de
bananeira. De acordo com uma versão da lenda ,isto seria feito para distrair os
monstros marinhos. Segundo outra versão, a ideia seria a de alimentar o poeta . As
folhas, colocadas em forma de seta, teriam esta configuração para evitar serem
comidas pelos monstros. Seja qual for a verdadeira versão da lenda, o que é certo é
que nesta altura se comem grandes quantidades destes bolos, "tchong" ou "lapas" em
dialeto macaense.

Ching Ming














Ching Ming " ( "Suprema Luz" ) é o dia em que os chineses visitam os cemitérios para
prestarem homenagem aos seus antepassados. É o equivalente ao dia de Todos os
Santos dos cristãos. É um momento em que a família se reúne e que revela bem o
conceito chinês de continuidade e relacionamento com a morte. Há membros da
família que vêm de muito longe para se juntarem ao seu "clan", visitando os
cemitérios, onde cuidam das campas , fazem oferendas de incenso e comida à
memória dos seus antepassados. As cerimônias terminam com o lançar de cinco
foguetes e com a colocação de papel vermelho no túmulo , mostrando assim que a
homenagem foi feita e que a memória do falecido foi respeitada.
É festejado em abril.

Canção da metade
























A metade do caminho, para o homem, é o melhor estado,
quando o passo mais lento lhe autoriza a calma.
Um amplo mundo jaz entre o céu e a terra.
Viver a meio caminho entre o campo e a cidade,
ser metade estudioso e metade proprietário e metade negociante, viver metade como os nobres e metade como a gente comum, possuir uma casa que é metade luxuosa e metade singela, meio mobiliada e meio desnuda,
vestuários que não são velhos nem novos,
e a comida metade epicúrea e metade vulgar ...
Ter serventes nem muito hábeis nem muito tolos,
e uma esposa que não é nem demasiado simples nem demasiado sabida ...
Então sinto no coração que sou pela metade um Buda e quase pela metade um santo espírito taoísta.
A metade de mim ao Céu nosso pai devolvo,
a outra metade a meus filhos deixo ...
Metade pensando como prover à minha posteridade
e metade pensando como defrontar-me com o Senhor dos Mortos.¿
É mais prudente ébrio, quem é metade ébrio;
e as flores meio abertas são mais belas.
Como navegam melhor os barcos a meia vela,
e melhor trota o cavalo a meia rédea!
Quem tem uma metade demais, que ansiedade!
Mas quem tem de menos, com mais fervor possui a sua metade.
Pois a vida é feita de amargor e doçura,
e é mais sábio e mais hábil quem só lhes prova a metade

CANÇÃO DA METADE - Li Mi-An antigo poeta chinês


















As ervas são como fios azuis-esverdeados,
A amoreira deixa pender seus ramos verdes.
É o tempo em que se pensa no dia do regresso,
o momento em que a minha dor se torna insuportável.
Vento da primavera, não te conheço!
Por que entras pelas minhas cortinas de gaze?

Li Po

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Rosa vermelha

























A esposa do guerreiro esta sentada à janela.
De coração aflito, borda uma rosa branca numa almofada de seda.
Picou-se no dedo! Seu sangue corre na rosa branca, que se torna vermelha.

Seu pensamento vai ter com seu amado, que esta na guerra,
e cujo sangue tinge, talvez, a neve de vermelho.

Ouve o galope de um cavalo... Chega, enfim, seu amado?
E apenas o coração que lhe salta com força no peito...

Curva-se mais sobre a almofada e borda com prata
as lágrimas que cercam a rosa vermelha.

Li Po
tradução de Cecilia Meireles

Bebo sozinho ao luar



Entre as flores há um jarro de vinho.
Sou o único a beber: não tenho aqui nenhum amigo.
Levanto a minha taça, oferecendo-a à Lua:
com ela e a minha sombra, ja somos três pessoas,
Mas a Lua não bebe, e a minha sombra imita o que faço.

A Sombra e a Lua, companheiras casuais,
divertem-se comigo, na primavera.
Quando canto, a Lua vacila.
Quando danço, a minha Sombra se agita em redor.
Antes de embriagados, todos se divertem juntos.
depois, cada um vai para a sua casa.
Mas eu fico ligado a esses companheiros insensíveis:
nossos encontros são na Via-Láctea.

Li Po
Tradução de Cecília Meireles