quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Fábula chinesa


























Era uma vez
um sábio chinês
de calça xadrez
- e um cão pequinês...

Da torre ele viu,
de vestido anil,
a princesa Liu
chorando, pueril...

Do alto, ele disse:
"Mas, que criancice!
Como se ele ouvisse...
Deixe de tolice!"

"Eu choro por mim!",
disse-lhe ela assim.
"O meu mandarim
nunca disse o 'sim'!..."

"Mulheres, mulheres!...
É bom que não esperes!"

"Que sabe o senhor
sobre o meu amor?"

"Eu sei muito, sim!
Não vive em Pequim,
não é mais mandarim..."

"Mas, sábio, eu o amo -
por Meng Po, eu clamo!"

"Deixe a deusa em paz,
esqueça o rapaz..."

"Ele me esqueceu?
Não suporto mais..."

"Deixe de revolta...
Ouça o que te digo:
ele já não volta -
palavra de amigo..."

"O que aconteceu?"

"Teu amor... morreu!"

Liu nada entendeu;
olhou para o céu,
suspirou ao léu
e desfaleceu.

"Que tola, essa Liu!",
o sábio sorriu
- e o cão lhe mordeu.


(Robertson Frizero)

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