domingo, 5 de abril de 2015

Tristeza de ser mulher











Como é amargo ser mulher!
Nada no mundo vale tão pouco.
Menino fica comandando, na porta,
Como um deus caído do céu.
Seus corações vagam pelos quatro mares,
Milhares de quilômetros de vento e de pó.
Ninguém se alegra quando nasce uma menina:
Por ela, a família nem lhe prepara o quarto.
Quando cresce, esconde-se nos quartos do fundo,
Com temor de olhar um homem no rosto.
Choram quando ela deixa a casa para se casar,
Apenas uma chuva rápida, depois poucas nuvens.
Com a cabeça inclinada, ela compõe seu rosto,
Seus dentes brancos contra os lábios vermelhos;
Ela inclina-se e ajoelha-se vezes sem conta.
Diante das concubinas e dos servos.
Se seu amor é forte como duas estrelas,
Ela é como o girassol, sempre seguindo o sol,
Mas quando seus corações são água e fogo –
Milhares de demônios caem sobre ela.
Seu rosto acompanha a passagem dos anos:
Seu senhor vai encontrar novos prazeres
Os dois, que eram uma vez corpo e sombra,
Estarão remotos como chineses e mongóis
Às vezes, até mesmo chineses e mongóis se encontram
Mas estarão tão distantes quanto estrelas polares.

Fu Xuan (217-278)

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